Me lembro como se fosse hoje, depois do lançamento do primeiro iPad em janeiro de 2010 muitos jornalistas da mídia especializada e os concorrentes chamavam esse produto de iPhone com tela gigante.

Entrei para o mundo do iPad em 2012, ao adquirir um iPad 4 (sim, aquele que a Apple lançou meses depois do iPad 3, com pouquíssimas alterações no hardware e a mudança do cabo de conexão de 30 pinos para o Lighting, deixando muitos donos de iPad 3 bem furiosos.)

Na mesma época, meu smartphone era um iPhone 5, uma tela de 4,7 polegadas minúscula se comparada ao iPad 4 de 9,7 polegadas. Ler um livro ou uma HQ e assistir vídeos do Youtube era algo incrível de ser fazer naquele produto.

Em todas as trocas de modelo de iPad subsequentes, a mudança de tamanho do iPad 4 de 9,7 polegadas para o iPad Pro de 10,5 polegadas e posteriormente pelo iPad Pro de 11 polegadas me soavam como um passo natural ao mesmo tempo que a Apple conseguia diminuir as bordas do produto. De fato, nunca experimentei a sensação de possuir um equipamento que fosse desconfortável ou pesado de se usar por longos períodos.

Mesmo quando a Apple lançou o primeiro iPad Pro de 12,9 polegadas em Setembro de 2015, eu sempre me mantive fiel a convicção de que seu irmão de menor tamanho era o ideal e essa escolha se perdurou até o iPad Pro de 2018.

Mas este ano muitos rumores apontavam que a Apple iria lançar novos iPads e com uma nova tela utilizando a tecnologia de mini-LED, mas claro que a Apple sendo a Apple, ela só iria trazer essa tecnologia para o iPad Pro de 12,9 polegadas.

Durante a apresentação dos iPads Pro de 2021 os rumores se concretizaram e apenas o iPad Pro de 12,9 polegadas recebeu de fato a tela de mini-LED, já os demais recursos são exatamente iguais nos dois produtos.

E aí começava o meu impasse, me manter firme na convicção de que o iPad Pro de 11 polegadas era o tamanho ideal mas sem a tela de mini-LED ou resolver migrar pela primeira vez para o iPad Pro 12.9 polegadas?

Então, esse ano resolvi mudar para o iPad Pro de 12,9 polegadas de 256 GB RAM Wi-fi + Cellular.

Vem comigo que eu vou te contar tudo sobre ele.

Não temos como começar de outra forma que não seja falando dele. Ano após ano o desempenho do iPad sempre ficou bem próximo aos chips para notebook e desktops e alguns casos até melhor, mas dessa vez a Apple resolveu chutar o balde equipando os novos iPads com o mesmo chip do MacBook Air, Pro, Mac Mini e do iMac de 24 polegadas.

E o resultado não poderia ser outro, um desempenho de deixar qualquer notebook ou desktop com processadores Intel para atrás e claro que benchmarks não demorariam a sair.

Na tabela abaixo podemos comparar seu desempenho contra os modelos de 2020 e 2018, usando o software Geekbench 5.

Single-CoreMulti-Core
2021 iPad Pro (M1)17217191
iPad Air 2020 (A14 Bionic)15824342
iPad Pro 2020 (A12Z Bionic)11234644
iPad Pro 2018 (A12X Bionic)11244699
Benchmarks iPad Pro.


Ok, benchmarks é só um pedaço da história, mas que tal um teste mais prático. Nesse caso a compactação e descompactação no aplicativo Arquivos mostrou ganhos notáveis para o chip Apple M1.

ModeloTempo (menor é melhor)
iPad Pro (M1) 2021 – Compactação1 minuto e 7 segundos
iPad Pro (A12Z Bionic) 2020 – Compactação3 minutos e 15 segundos
2021 iPad Pro (M1) – Descompactação6 segundos
iPad Pro 2020 (A12Z Bionic) – Descompactação45 segundos
Teste de compactação e descompactação de arquivos.

Sobre o design, os novos iPad não se diferem dos modelos de 2020, mantendo suas molduras mínimas e sem botão Home. Apenas o modelo de 12,9 polegadas ficou um pouco mais espesso pulando de 0,23 polegadas para 0,25 polegadas e um pouco mais pesado também, indo de 639 gramas para 684 gramas no modelo Wi-fi + Cellular.

Claro que a cor do modelo que eu optei foi o cinza espacial, mas também o iPad Pro só vem em duas cores — cinza espacial e prata.

Outro quesito que a Apple resolver chutar o balde foi o armazenamento flash que agora pode ser configurado até 2 TB. O modelo que eu escolhi tem apenas modestos 256 GB.

Caso você opte por modelos com 1 TB ou 2 TB saiba que seu iPad contará com 16 GB de RAM em vez de 8 GB.

16 GB de RAM nos modelos de 1 TB ou 2TB.

Se você está com dúvidas sobre ter 8 ou 16 GB de RAM, não se preocupe nenhum modelo de iPad até agora teve mais do que 6 GB de RAM, então, se você não sentiu dificuldades no seu workflow até agora, provalmente não sentirá optando pelos modelos com 8 GB de RAM.

O iPad Pro tem uma porta USB-C desde a atualização de 2018, mas o modelo 2021 é o primeiro iPad a vir junto com uma porta Thunderbolt.

Mas afinal o que essa Thunderbolt tem de especial? Além de se conectar a periféricos Thunderbolt, traz um enorme aumento na largura de banda disponível entre o iPad e dispositivos externos, em outras palavras, posso transferir arquivos enormes entre o iPad Pro e um disco externo com muito mais velocidade do que a USB tipo C.

Além disso, a conectividade Thunderbolt possibilita que o iPad Pro funcione com dispositivos Thunderbolt mais complexos, como interfaces de áudio e com monitores como o Pro Display XDR, em resolução total com certos aplicativos, como iMovie e LumaFusion.

E por falar em tela, chegamos a um dos motivos que me fizeram optar pelo modelo de 12,9 polegadas. Embora não seja uma tela OLED, a nova tela do iPad é capaz de alcançar pretos perfeitos, além do suporte a True Tone, cores largas P3 e taxa de atualização ProMotion 120Hz.

Preto no iPad Pro 2020 x Preto no iPad Pro 2021. Foto extraída do site MacWorld.

Ainda sobre a tela, ela apresenta uma taxa de contraste OLED de 1.000.000:1. Esse contraste é possível graças à tecnologia mini-LED, que inclui mais de 10.000 mini-LEDs e 2596 zonas de controle local da intensidade do brilho. Para efeito de comparação, o iPad 2021 de 11 polegadas possui 72 LEDs.

A tela Liquid Retina XDR no iPad Pro de 12,9 polegadas pode produzir 1.000 nits de brilho em tela cheia, com 1.600 nits de brilho máximo para conteúdo HDR.

Infelizmente nem tudo é perfeito, assim como em todo lançamento de produto Apple sempre tem algum problema relacionado, seja o Antennagate, Bend-gate entre outros.

Dessa vez o problema é conhecido como “Blooming (tipo de efeito de aura ou sombra que se torna visível em torno de objetos claros em um fundo preto).

E, meus senhores, tenho que admitir que isso me incomodou um pouco.

Vou tentar mostrar para vocês nas fotos abaixo:

Fotos extraídas do site MacRumors.

Mas ao ver um vídeo em 4K 60fps HDR, esse problema logo é esquecido…,rs.

Essa também é a primeira vez que eu adquiro um iPad com conectividade celular. Sempre usava meu iPad em lugares onde existia conexão Wi-fi e não fazia sentido ter o custo de mais um chip e um plano de dados. Sem falar que mesmo aqui no Estados Unidos o 5G ainda deixa um pouco a desejar, pelo menos é a minha percepção sobre a cobertura da AT&T.

Mas então porque cargas d’água eu adquiri esse modelo? Simples, no meu plano de celular o valor do iPad sai mais barato do que comprar na Apple, mas em contrapartida, as operadoras só vendem o modelo com conectividade celular por motivos óbvios e no final das contas, foi mais vantajoso.

Assim como o iPad Pro do ano passado e o iPad Air, ele possui compatibilidade com Wi-Fi 6, também conhecido como 802.11ax, apesar da tecnologia ainda estar sendo adotada é bom estar à prova de futuro.

A promessa do 802.11ax é funcionar melhor em ambientes com muitos dispositivos conectados e também fornecer maior eficiência energética, taxas de dados mais altas e maior capacidade.

Aqui está um recurso que realmente gostei, e olha que eu não sou um cara que curte muito ficando fazendo video conferências. Mas depois de usar o Palco Central pela primeira vez, fiquei bastante impressionado com a tecnologia.

O Palco Central aproveita o campo de visão de 122 graus da nova câmera frontal TrueDepth ultra-angular. Esta nova câmera apresenta um campo de visão muito mais amplo e é um pouco mais lenta — (f/2.4 vs f/2.2) do que a câmera TrueDepth do ano passado, mas possui uma resolução mais alta, passando de 7MP em seu antecessor para 12MP.

Aliado ao aprendizado de máquina, a Apple é capaz de eliminar grande parte da distorção da grande angular, enquanto ajusta automaticamente o quadro para manter todos na vista. Ao se mover, a imagem se ajusta automaticamente e mantém você centralizado e se por acaso outras pessoas entrarem ou sairem da chamada, o enquadramento aumenta ou diminui.

Você vai se sentir como se tivesse seu próprio “Cameraman“.

O Palco Central funciona com chamadas FaceTime, mas a Apple já liberou uma API para que desenvolvedores possam implementá-lo em suas aplicações.

Palco Central.

Olhando para o hardware do novo iPad, cada vez mais sinto que a Apple precisa fazer o iPadOS evoluir, as novidades apresentadas na WWDC 21 para o iPadOS 15 não serão suficientes para acompanhar o poder de processamento dos novos tablets. Eu gostaria de ver algo como janelas em tela cheia, talvez uma barra de menu para alguns aplicativos especialmente na tela grande do iPad Pro de 12,9 polegadas.

Seria interessante ver aplicativos profissionais como Final Cut Pro e Logic Pro chegarem no iPad. A Apple inclusive deu provas de que isso pode vir a acontecer em uma escala de tempo infinita, vide o anúncio de que no Swift Playground será possível criar apps.

Junto com a Apple Pencil e o Magic Keyboard você terá praticamente um Macbook sem o macOS.

Então, se você busca um equipamento para consumo de conteúdo em uma tela que é melhor do que muitos notebooks existentes no mercado incluindo MacBooks com tela retina, ou se no seu workflow editar vídeos pesados em 4K 60fps HDR é essencial, talvez esse seja o seu cara.

E aí, o que acharam do novo iPad?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *